A importância da unidade


Texto bíblico: Salmos 133.1


Falar sobre unidade na bíblia é discorrer um assunto bastante notório e significativo, sua abrangência é inquestionável, pensando no seu valor, mostrarei a seguir a essencial presença da unidade em determinadas áreas da vida, antes mesmo da nossa existência.
Do ponto de vista vertical, nos conscientizarmos que a unidade existe desde a mais remota eternidade, de acordo com Gênesis 1.26, a unidade Divina denominada trindade (pai, filho e Espírito) cria a unidade humana denominada tricotomia (corpo, alma e espírito), o projeto de Deus simplesmente inclua unidade, e isso em todos os aspectos.

1º Vida conjugal: Depois que a unidade divina criou o homem, viu que não era bom este ficar sozinho, sem desfrutar os benefícios da unidade, Deus então criou a mulher, agora eram dois, quer dizer um, visto estarem ligados pela unidade conjugal, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e se apegará à sua mulher e ambos se tornarão uma só carne, Gênesis 2.18,24.

2º e 3º Vida familiar e espiritual: Josué e o povo chegaram a conquistar e habitar um território com uma vasta divisão de deuses, a fé se caracterizava pela idolatria e os cultos não passavam de meras práticas pagãs, mas foi naquele contexto totalmente pluralista, que aquele líder os exortou acerca de uma unidade de fé monoteísta a partir de uma demonstração de unidade familiar (eu e a minha casa serviremos ao Senhor), Josué 24.15.
O patriarca Noé, se não conseguiu alcançar mais pessoas com a mensagem do dilúvio, posto ouvirem, mas não se arrependerem, pelo menos ele e a sua família demonstraram obediência e unidade familiar e espiritual (todos entraram na arca), Gênesis 7.1,2.
Rute também não poderia deixar de ser lembrada com respeito à unidade que notadamente e profundamente demonstrou, na área familiar, amigável e surpreendentemente na espiritual (pois como uma mulher de outra nação, não lhe cabia abraçar a fé judaica), Rute 1.16-19.   
Já que fiz menção da unidade da fé, vejamos o que diz a bíblia em outros contextos do novo testamento, Efésios 4.3-6, I Coríntios 12.6, o apóstolo enfatiza a sua importância através do buscar e guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz, através da inspiração que lhe fora confiada para compor os escritos, Paulo entendeu e ensinou que os cristãos eram membros de um só corpo cuja cabeça é o próprio Jesus, independente de nacionalidade, país, cor, cultura, todos foram batizados em um mesmo Espírito, serviam a um só Senhor, recebiam uma só esperança e adoravam um só Deus (unidade da fé).
A unidade também é refletida na oração, na palavra, no louvor e na santa ceia Atos 2.42; 3.1;16.25, por fim, a vida espiritual se caracteriza pela unidade, lembremos ainda que Jesus ensinou isto na metáfora da videira verdadeira, haja vista a frutificação ser o resultado desta unidade existente entre a videira (Jesus) e os galhos (os cristãos), aqui deixo um lembrete, “somos apenas os ramos, ou galhos por onde o fruto aparece, tenhamos cuidado para não pensar que somos a árvore, se assim ocorrer, apenas a folhagem seca vai aparecer, porque sem Ele, nada podemos fazer, inclusive frutificar”, João 15.1-5.
Jesus aproveitou a última celebração da páscoa junto aos discípulos, para envolvê-los em uma profunda unidade de caráter espiritual, enquanto pensavam até então, que o ajuntamento era apenas uma aparente unidade formal, o mestre provavelmente os surpreendeu mais uma vez, posto que fez daquela ceia ou refeição, um grande momento de comunhão e por conseguinte, unidade espiritual, com promessas de repercussão futura e eterna (até aquele dia em que o beba novamente convosco no reino de meu pai), o pão e o vinho eram considerados elementos comuns, mas depois de abençoados, tornaram-se símbolos do corpo e do sangue de Jesus, para que todas as vezes que eles comessem e bebessem, lembrassem do seu sacrifício, da morte e da sua vinda, entre outros significados, a ceia é sempre uma preciosa oportunidade para o fortalecimento da unidade dos cristãos em Cristo. Mateus 26.26-30; I Coríntios 11.23-32, se pensarmos ainda na vida cristã em seus variados e difíceis contextos de sofrimento, angústia, necessidade, medo e aparente separação, nada poderá nos separá de Cristo, estamos unidos a Ele em razão do seu grande amor. Romanos 8.35-39.

A igreja de corinto sofreu severas repreensões do apóstolo Paulo, por determinados momentos não viverem a verdadeira expressão do significado da unidade espiritual, sem citarmos algumas práticas incoerentes nos cultos de ceia, seus membros criaram uma espécie de partidarismo com relação à visão deles sobre o ministério, não que os ministros estavam divididos, mas os membros os sobrepujaram com favoritismo individual e apego demasiado, invés de procurarem entender a utilidade de cada um dentro da unidade espiritual, por não enxergarem isso, houve contendas, invejas e confusões, formaram grupos (eu sou de Cristo, eu sou de Paulo, de Pedro e de Apolo), deixaram de viver a unidade total para viver uma unidade parcial, exclusivista e soberba, deixaram de levantar uma única bandeira, para levantar quatro, nem mesmo o grupo que si dizia de Cristo estava com a razão, que pobre e falível pensamento, nosso Jesus não é um Jesus de grupinhos, nosso Jesus é o Jesus da igreja, independente de grupos, mas a falta de unidade espiritual gerou nos membros um vergonhoso estado de carnalidade, acerca de tal desunião e divisão, Paulo os exortou energicamente com uma palavra de unidade na fala e no parecer como forma de combater a continuidade de tais pecados ali existentes, e ao mesmo tempo levá-los de volta à unidade espiritual. I Coríntios 1.10-13; 3,3,4,6,7,8.      

4º Vida ministerial: Elias e Eliseu, embora de um lado um professor e do outro um aluno até então, apesar da separação determinada por Deus, enquanto pôde Eliseu não abriu mão de sua permanência junto a Elias, não se importou com os olhares e os pensamentos alheios que poderiam surgir como ameaças para a continuidade da unidade ministerial, que apenas Deus seja capaz de interferir em uma unidade perseverante, por três vezes Eliseu insistiu não deixar Elias: Em Betel, em Jericó e no Jordão, de fato apenas Deus os separou, mas a unidade era tão intensa que pelo menos um objeto de Elias ficou com Eliseu, (a capa) e mais que isso, a porção dobrada da unção que capacitava Elias, também capacitou Eliseu, II Reis 2.1-11.
A unidade ministerial também é percebida quando o líder Moisés sobe ao topo de um monte com Arão e Ur e deixa em baixo o comandante Josué na incumbência de escolher homens habilidosos para guerrear contra os amalequitas, está em unidade nem sempre significa está junto fisicamente, se por um lado Moisés, Arão e Ur estavam juntos e demonstraram unidade, por outro Josué e os soldados que estavam em certa distância destes, também demonstraram unidade, ou seja, dos lados, em cima e em baixo a unidade precisa aparecer, tão forte como apareceu por entre aqueles homens, Êxodo 17.8-16.
Segundo Paulo, escrevendo aos Efésios os propósitos de Deus entregar obreiros à igreja, é para que estes proporcionem aperfeiçoamento, edificação, maturidade espiritual, maior números de membros do corpo, conhecimento do filho de Deus e a unidade da fé, e tudo isso em amor, visto que este está intimamente ligado a unidade, pois se estiver desconexo, não chegaremos a esta. Efésios 4.11-16.  
          
5º Vida amigável: Existem vários motivos para o nascimento de uma amizade, mais é importante saber até onde poderá viver esta amizade e qual e a sua base.
O príncipe Jônatas dispunha de todos os artifícios negativos para não ser um verdadeiro amigo de Davi, basta sabermos quem era o seu pai e quais foram os seus intentos e atitudes com respeito a Davi, a fim de entendermos a terrível formação de seu caráter que apesar de ter sido uma autoridade delegada por Deus, Saul não transparecia exemplo digno de ser seguido pelo seu filho, enquanto tornou-se inimigo de Davi, Jônatas por outro lado, tornou-se amigo, enquanto o odiava, Jônatas o amava, para Saul, Davi era um inimigo que nunca pensou em destruí-lo, mas o coração de Saul estava tomado pela ira a ponto de planejar o mal contra ele, contudo, Jônatas planejava o bem, Saul desejava ardentemente a morte de Davi, enquanto que Jônatas desejava preservar-lhe a vida, mesmo que arriscando a sua própria vida, o amor é o principal sentimento capaz de fundamentar uma verdadeira amizade.
Enquanto o rei não permitiu Davi voltar para o seio da unidade familiar, Deus permitiu Davi encontrar-se com o príncipe Jônatas e ambos pactuarem uma belíssima unidade, além de ser considera amigável, também era fraternal, amigo e irmão.
Com respeito a este elo de unidade amigável e fraternal, Jônatas abriu mão do que era dele e entregou para Davi, era o costume da época, como forma de estabelecer uma aliança duradoura, com garantia de resultados presente e futuro, visto que nem mesmo a morte e nem o tempo conseguiram invalidar tal aliança, o príncipe morreu, mas o juramento feito entre ambos, permaneceu intacto, apesar da sua ausência, o rei Davi estava disposto a cumprir o acordo quando perguntou para o seu servo Ziba se ainda existia alguém da casa de Saul para que ele pudesse abençoar, obteve então a resposta que na terra de Lodebar (sinônimo de desprezo, sofrimento e esquecimento) existia ainda um descendente, deficiente físico, cujo nome era Mefibosete, filho do príncipe Jônatas, logo o mandou chamar para lhe abençoar com pelo menos cinco bondades: 1º Honrosa mudança de endereço (de Lodebar para o palácio), 2º Restituição das terras, 3º Sentar à mesa com o rei, 4º Comer pão ao lado do rei e 5º Viver com o rei, I Samuel 18.1-4.

Salomão explica porque é melhor dois do que um, se forem dois, será maior o resultado, se forem dois, quando um cair o outro levanta o seu companheiro, se forem dois dormindo juntos, ambos serão aquecidos do frio, se dois trabalharem, terão maior recompensa, se dois guerrearem, as forças serão maiores e pela unidade ambos prevalecerão, Eclesiastes 4.9-12.

Conclusão
A criação reflete o valor e a importância da unidade, os seres angelicais vivem em unidade, o universo apesar de ser um sistema extremamente complexo, mas é também extremamente coeso e unido, tudo revela a unidade, até o inimigo de nossas vidas sabe o quanto ela é eficaz para alcançar resultados, embora usada no sentido negativo, não esqueçamos que ele é especialista em imitar e sabe que nenhum reino dividido poderá existir, inclusive o seu, mesmo que de forma temporal e finita, visto que no fim de todas as coisas (escatologia), seu império será totalmente destruído, mas não vamos nos ater aqui, dentre os propósitos de Deus, um deles é exatamente a unidade universal dos cristãos e não simplesmente institucional, organizacional e física; Jesus orou ao Pai por esta unidade. João 17.11,20-26.
Em fim, a vontade de Deus é que estejamos em unidade, portanto, pensemos, busquemos, vivamos, promovamos e amemos a unidade, em nome de Jesus!

A paz do Senhor.   

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