Texto bíblico: Hebreus 10.12,14
A carta aos Hebreus é a surpreendente
revelação espiritual do que significava todo o sistema de sacrifícios
provenientes da lei na época do antigo testamento, sendo esta espiritualidade fundamentada
e alicerçada pela superioridade de Jesus, bem como o seu ofício, seu sacrifício,
sua perfeição e sua eternidade, é sobre estas características que vou comentar
logo após o parágrafo a seguir.
O espírito Santo inspirou o
autor a escrever a epístola com palavras bastante conhecidas dos cristãos
hebreus, visto estarem bem inteirados na lei, mas não terem a compreensão real do
seu significado, havendo necessidade de tal revelação, afim de que a fé deles
não mais permanecesse condicionada ao sistema legalista, precisamente ao
sistema de sacrifício, mas que alcançasse e avançasse até o calvário, a cruz, o
sacrifício de Jesus, o céu e a eternidade com Deus. Hebreus 1.1; 8.5; 10.1.
1º Perfeição: De acordo com o
pré-requisito da lei, o animal precisava primeiro ser avaliado pelo sacerdote,
antes de ser sacrificado no altar, era uma espécie de olhar detalhista, se
aprovado, logo seria apresentado e oferecido a Deus em favor dos homens, ali
estava impresso uma das exigências da lei. Levítico 22.17-25.
É interessante citarmos
algumas referências de sacrifícios que em certos sentidos alcançaram perfeição,
porém nem sempre isso foi uma realidade, daí a iniciativa do próprio Deus se
auto-oferecer por nós, basta ler o relato do profeta Malaquias, acerca das imperfeições
dos sacrifícios oferecidos a Deus, porém não aceitos por Ele, deixando com
isso, uma forte evidência das imperfeições humana.
No livro do gênesis, logo
depois da queda nossos pais tentaram improvisar uma vestimenta de folhas de
figueira, mas isso não deu certo, apenas por meio de um sacrifício provido pelo
próprio Deus, ambos foram de fato vestidos.
No caso de Abraão, temos ali, outro
contexto de sacrifício, quando ele sobe ao monte para oferecer a Deus o seu
único filho Isaque, não era apenas uma prova de fé, era também uma prova da
providência de Deus, que na plenitude dos tempos, iria sacrificar perfeitamente
o seu único filho, e este também seria no monte.
Abel também entregou a sua oferta
perfeita para ser sacrificada a Deus, como resultado, alcançou testemunho de um
homem justo que agradou ao Senhor.
Com esses exemplos de
sacrifícios e mais a exigência da lei, Deus estava preparando o cenário para o
momento do perfeito sacrifício de Jesus, o qual nos fala até hoje, aqueles
sacrifícios serviram de prenúncios até que Jesus concretizasse as promessas e
finalizasse todo o sistema de sacrifícios, visto que o homem no seu estado de
pecado, não conseguiria oferecer um sacrifício tão sublime e perfeito como o
foi o de Jesus, primeiro que tudo que sacrificavam, era da terra, mais Jesus
veio da eternidade, por mais perfeito que fosse o animal, o sacrifício deste
não dava garantia plena de liberdade em definitivo, mas apenas parcial, afinal
de contas, todo o sistema era apenas uma sombra do sacrifício de Jesus, este
por sua vez, como um ser divino e perfeito, propôs para o homem, resultados
profundamente definitivos e amplamente extensivos, tudo que o ritual da lei
determinava acontecer em sua aparência, o perfeito sacrifício de Jesus garantiu
todo cumprimento no aspecto espiritual, visto que era para este fim, que o sistema
legalista apontava.
2º Suficiência: Por mais
perfeitos que fossem os sacrifícios, eram necessárias inúmeras repetições, em
razão das constantes lembranças do pecado, não é possível contabilizar a
quantidade de sacrifícios oferecidos durante o sistema da lei, sempre havia
espaço para mais um, necessidade de mais um, quantas entradas no santuário
portátil, quantos animais, quanto sangue derramado, não estou afirmando que
tudo isso foi desnecessário, visto que tiveram seus resultados e por isso não
podiam deixar de serem oferecidos, precisavam mesmo continuar sacrificando até
que chegasse o tempo da substituição única e suficiente por intermédio do
sacrifício de Jesus que ao se entregar, apenas uma vez, passou pelas etapas que
lhe estavam propostas, foi preso, julgado, condenado, coroado, crucificado,
morto, ressuscitado e elevado ao céu, a fim de abrir o acesso para o homem
diante de Deus. Hebreus 9.15,24.
Tudo foi feito apenas uma vez, sem qualquer
necessidade de fazer melhor ou de fazer de novo, Ele é suficiente, portanto,
seu sacrifício também é, segundo o relato bíblico, Jesus entrou em um santuário
espiritual para oferecer um sacrifício espiritual, posto que os sacrifícios
terreno, não possuíam suficiência em si. Hebreus 9.11,12,14,23-28.
3º Eternidade: Essa terceira
característica também nos leva a continuar pensando, assim como Jesus é eterno,
seu sacrifício também é eterno, todos os sacrifícios oferecidos possuíam
limitação quanto ao tempo, nenhum deles conseguiram resistir a este, todos
passaram, neste sentido, foram vencidos pelo tempo, posto serem temporais,
transitórios e finitos, não afirmo que eles foram inválidos por sua
transitoriedade, mas a verdade é que todos foram condicionados ao tempo.
Contudo, o sacrifício de
Jesus, não ficou limitado ao tempo (aquele dia, aquela tarde, aqueles
instantes), uma vez que além de está na memória e na lembrança da humanidade,
tal sacrifício está na eternidade de Deus, portanto, não está condicionado ao tempo
sucessivo de anos, meses, semanas, horas, minutos e segundos.
A eternidade prevalece em
todos os aspectos do tempo (passado, presente e futuro), ela não tem início e
nem fim, o sacrifício ainda não estava concluído, mas por ser eterno e não está
submisso ao tempo presente, foi capaz de perdoar aquele malfeitor arrependido
crucificado do lado de Jesus, e garantir antecipadamente o encontro de ambos no
paraíso eterno.
Na verdade os olhos daqueles
que presenciaram o sacrifício, apenas conseguiam vê o ambiente físico que em
si, foi profundamente impactado pelas manifestações sobrenaturais de Deus
usando os elementos naturais, mas além dessas manifestações visíveis, o
escritor aos Hebreus afirma que no âmbito espiritual, ocorreram ações impossíveis
de serem vistas na ótica humana, a entrada de Jesus como sumo sacerdote no
santuário espiritual, para se apresentar diante de Deus, interceder pela
humanidade, assumir as suas transgressões e sacrificar a sua própria vida com
um sacrifício eterno. Hebreus 9.11,14,15,24.
Conclusão
O sacrifício de Jesus é como o
seu próprio ser, perfeito, suficiente e eterno, não desmerecendo o sistema da
lei, visto que este cumpriu o seu papel, servindo de sombra para conduzir o povo
até Cristo, este por sua vez, cumpriu tudo o que a lei previa, e mais que isso,
nos reconciliou com Deus de uma vez por todas.
É importante pensar nas características
deste sacrifício, bem como aceitá-lo na vida prática, o problema é que o pecado
que não está tão distante de nós, costuma vir com aparência tentadora e atrativa,
prometendo alegria, prazer e satisfação em seus deleites, sendo que sem
perceber, ele afasta o homem dos benefícios de tal sacrifício e entorpece sua
mente com sobrecargas de pensamentos extremamente mundanos, mas a lembrança da
culpa exige aproximação do altar e do sacrifício, em vista de uma tão grande
necessidade de ordem espiritual, por isso convém que este volte ao altar de
Deus porque há um sacrifício de Deus. João 1.29, Hebreus 9.27,28, perfeito,
suficiente e eterno!
A paz do Senhor.
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