Uma exposição exegética sobre a parábola do filho pródigo

Texto bíblico: Lucas 15.11-32


O termo parábola transmite-nos a ideia de comparação e ilustração de coisas, no contexto bíblico, fala-nos de coisas materiais e espirituais, normalmente é contada por meio de uma narrativa alegórica, cuja linguística se caracteriza pelo emprego da linguagem figurada.
Seus principais objetivos são: Apresentar para o povo verdades de cunho moral e espiritual, bem como a revelação do reino de Deus entre os homens, mas há outro ponto importante, a parábola possui uma verdade central em sua mensagem, portanto, nem todos os elementos ou personagens apresentados necessitam de interpretação para a sua compreensão como um todo, posto podemos fazer uma narrativa extensa e com vários elementos, contudo, termos uma intenção geral a comunicar, por exemplo, a parábola das dez virgens, se formos tentar entender porque as cinco loucas saíram da casa para comprar o azeite que lhes havia faltado, concluiremos que entre as dez não existia amor e nem união, posto que as outras cinco tinham reserva em suas vasilhas, mesmo assim não repartiram entre si, todavia, estes não são os temas gerais que devem ser considerados por estarem contidos ali, o tema na verdade fala de vigilância, alerta, prudência, posto haver necessidade de preparação para a chegada iminente do esposo.   
Por vezes Jesus pregou e ensinou as verdades do evangelho utilizando este método, posto saber que o povo necessitava ouvir e compreender suas mensagens a partir do uso de uma linguagem simples e conhecida por eles.

Vejamos abaixo, um comentário sobre a parábola em questão.

1º Verso 11 – Conhecendo figuradamente os personagens narrados: Certo homem (Deus) tinha dois filhos (os fariseus e os pecadores), vale salientar que aqueles costumavam desprezar e excluir estes de qualquer possibilidade de relacionamento com Deus, em razão das práticas imorais e desagradáveis diante de Deus, Lucas 15.1,2, mas observemos como Jesus propõe para ambos, uma mensagem graciosa e amorosa, acerca do perdão sem qualquer distinção, exclusivismo ou desigualdade.

2º Verso 12 – Não irei recitar os textos bíblicos no intuito de apenas expormos o breve comentário, o filho mais novo tomou uma atitude de independência e o seu pai respeitou a sua decisão (capacidade de escolha), repartindo por eles a fazenda.

3º Versos 13,14 – As atitudes e o comportamento do filho mais moço caracterizam desperdício (mau uso dos bens), dissolução (comportamentos imorais e contrários aos ensinamentos éticos de seu pai) imprudência (gastou tudo), despreparo (dificuldade para enfrentar um problema - fome coletiva,

4º Verso 15 – Desonrado na profissão (trabalhou em uma atividade extremamente desprezível dentro da cultura judaica – pastor de porcos, visto que pela lei do sacrifício, este era considerado um animal impuro).

5º Verso 16 – Padeceu necessidade física (desejou se alimentar com os alimentos dos porcos) e foi privado de qualquer ajuda.

6º Verso 17 – Estado de Humilhação (lembrou do suprimento dos simples empregados do seu pai, deixou de lado as prerrogativas de sua filiação que em contra partida estava perecendo de fome.

7º Versos 18,19,21 – Arrependimento (o filho estava movido por um sentimento que esvazia e impulsiona pensamentos e confissões de indignidade de qualquer privilégio com Deus), bem como mudança de atitude caracterizada por sua volta para o lar paterno, afinal de contas, se o arrependimento atua em nosso ser interior e se revela no exterior, o filho precisava concretizá-lo; Provérbios 28.13   

8º Versos 20,22,23,24 – Perdão, restauração e celebração (o pai evidência o perdão com o seu interior, “íntima compaixão”, logo após demonstra suas ações no exterior, “corre em direção ao filho, o abraça e o beija”), a reconciliação entre ambos foi reativa, mas o pai não apenas o perdoa, além disso, providencia (vestes, calçados, anel e festa), representando o cuidado, a honra e a alegria que o pai estava dispensando para com o filho que estava perdido, mas foi achado, estava morto, mas reviveu.

9º Verso 25,32 – Observe agora a próxima parte da parábola para entender o que Jesus narra acerca das palavras, atitudes e comportamentos do filho mais velho representando a classe dos fariseus; A princípio era um filho trabalhador, visto está no campo cuidando dos negócios do seu pai, mas ao ouvir o som de um evento festivo, perguntou para um servo o que estava acontecendo, depois que recebeu a notícia, se indignou contra o seu irmão e contra o seu pai, apesar de ser obediente aos mandamentos deste, não atendeu seu pedido, mesmo com a insistência bondosa para entrar, participar e se alegrar juntos; Sua arrogância, seu aparente zelo religioso, legalista e exclusivista, não conseguiu enxergar no seu pai, nenhum ato de amoroso, nenhum ato de bondoso, nenhum ato de perdão e nenhum ato de regozijo, se não foi capaz de enxergar as gloriosas expressões dos atributos paternos, como poderia perceber as qualidades que atuavam sobre os sentimentos e as atitudes do seu irmão? Se não viu nada disso no seu pai, como poderia ver no seu irmão?
O filho mais velho olhou somente para a condição imerecida do seu irmão, observe que em nenhum momento ele demonstra preocupação fraternal (apesar de ser irmão), até cita a bondade do seu pai em matar um animal cevado, mas não foi capaz de perceber a dimensão que esta bondade estava propondo para o seio familiar como um todo, afinal, era a reintegração de um membro importantíssimo, que quando saiu deixou saudades, mas quando voltou trouxe felicidade; O olhar do filho mais velho estava voltado somente para os erros que o seu irmão havia cometidos, sua justificação própria não permitiu enxergar seus erros, mas apenas os erros alheios, contudo, o interessante é que o pai o amava tanto quanto o filho mais novo, apesar das imperfeições e dos pecados de ambos, a realidade é que o pai estava disposto para perdoar tanto a um como o outro.  

Conclusão
A presente parábola narra o comportamento imoral e desonroso dos pecadores de modo geral, figurados na pessoa do filho pródigo, assim como os fariseus (na pessoa do filho mais velho) que também pecavam por não demonstrar um correto relacionamento digno de exceder a justiça de Deus em suas vidas, eram religiosos e conheciam as leis, mas paradoxalmente costumavam viver separados dos pecadores, buscavam santidade em extremo, menosprezavam o próximo e justificavam a si próprio.
Os fariseus faziam parte de grupos religiosos, eram bastante arrogantes, orgulhosos, soberbos, egoístas, altivos, prepotentes e exaltados, o termo designa sinônimo de falsidade, eles contrariavam a atuação inicial do reino de Deus, este se revela e atua primeiro no interior, santifica o interior e não apenas o exterior.
Os fariseus tinham uma prática aparentemente correta com relação à lei moral e cerimonial, mas infelizmente não tinham coerência entre a vida religiosa e espiritual; Jesus os repreendeu fortemente, comparando-os a um sepulcro caiado (bonito e limpo por fora, mas horrível e sujo por dentro).
Em fim, essas duas classes de personagens foram o alvo dos ensinamentos de Jesus e pelos menos três verdades centrais ficam aqui registradas (a graça de Deus para os perdidos, o perigo da falsa religiosidade e a disposição de Deus para ensinar o correto relacionamento com Ele e com o nosso irmão).  

A paz do Senhor!

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